Entre o Gesto e a Alma
A música, em toda a sua sublime essência intangível e misteriosa, transcende a mera perceção sensorial. Como maestro, enfrento o desafio de captar o significado profundo de cada obra musical e transmiti-lo através do gesto, tentando definir o indefinível e comunicar o inexprimível de forma tangível e impactante.
Procurar o “significado” numa obra musical exige um compromisso inabalável, um “enamoramento” e amor constante e uma dedicação que se refletem em cada momento de estudo, ensaio e performance. Essa jornada, cheia de incertezas e espiritualmente dolorosa, é marcada por momentos que oscilam entre a beleza, intensidade, excitação e a natureza efémera e subjectiva dessa experiência musical. Ainda assim, existe o risco de perder a essência da experiência musical per si e a sua dimensão espiritual e transcendental. Acredito que a essência da “arte e técnica” da direção musical é procurar envolvência no fenómeno sonoro sem perturbar cada momento sublime, relativizando o “sentido”. Trata-se de corporalizar e expressar a “experiência perceção” através do gesto, mantendo o delicado equilíbrio invisível entre som, espaço, tempo e consciência.
A verdadeira Música habita na nossa mente, sonhos , corações, e na forma como a utilizamos para sensibilizar e inspirar pessoas, contribuindo para fazer do Mundo um lugar melhor para todos. É com este espírito que continuo a explorar novas fronteiras na arte de dirigir, procurando não apenas “interpretar partituras”, mas sobretudo para contribuir para fazer do mundo um lugar melhor através da música.